Comportamento, Textos da Bia

Sobre as decisões

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Decisão é um longo caminho a ser percorrido.

“A decisão nunca é algo fácil.
Seja visando melhorar a vida, ou piorar mesmo. É como dizem, “nunca sabemos o dia de amanhã” e logo, isto implica também – e principalmente – nas grandes decisões.
O que importa no meio disso tudo é sentir que estamos mesmo no controle da nossa vida.
Porém, decisões também nos levam até ele: julgamento. Não deveria ser assim, mas é.

Pessoas simplesmente não pensam e ao menos respeitam os motivos que levaram o outro a decidir por algo, por alguém, por alguma coisa ou situação. Qualquer decisão final que seja, foi decidida pela pessoa. Motivos suficientes e vivência para discernir e assim chegar até ela não faltaram. Se não houve, as consequências estão aí para ensinar. Fim. Automaticamente, isso deveria inibir uma opinião contrária quando não bem intencionada. Seja pelo bem ou pelo mal, apenas guarde o que você acha quando não lhe for perguntado.

Rude demais? Pode ser. Mas é que temos a mania de dificultar as relações, de encontrar problemas para cada solução, de seguir pelo caminho mais difícil. Somos humanos e sendo assim, somos falhos. Uma decisão drástica nunca chega de maneira simples, ela aparece, consome a pessoa em chamas e tira o sono. Rouba a paz. Não cabe a mim e nem a você, questionar algo que não lhe afeta diretamente. Não é algo justo.

Mas e quando a decisão pode magoar alguém? Então pergunto: e quando a falta dela está afetando a tua vida? Muitas vezes pensamos tanto – ou somente – no sentimento das outras pessoas e com isso nos anulamos e isso vai nos consumindo. Sentimentos desse tipo tomam conta da gente de uma maneira ruim, fazem mal psicologicamente, agridem nosso corpo. Atacam nossa saúde física e mental sem piedade.

Não existe uma receita para se tomar a decisão correta. É preciso pesar os prós e os contras e seguir em frente. De nada adianta anular suas vontades só para evitar uma crítica ou para deixar alguém feliz, principalmente de mentirinha. Isso seria uma puta injustiça, com a pessoa e com você mesmo.

O amanhã está no amanhã, deixe-o lá. Viva o hoje e faça a SUA própria escolha.
Decida por algo que lhe faça bem. E boa sorte!”

Que façamos todos um bom dia. 🙂

Textos da Bia

O diferente também é bonito

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Somos apenas um minúsculo grão de areia em meio a um deserto gigantesco.
E isso é o que faz de cada um de nós, seres únicos. Nos dá a certeza de não estarmos aqui sem razões óbvias. Que tal aproveitar esse milagre da vida e essa imensidão de pessoas indo e vindo todos os dias, para sermos mais nós mesmos?
Como? A resposta é simples.

Quando decidimos ser nós mesmos, criamos aceitação e esquecemos de todos os padrões impostos. Passamos a viver uma vida plena, mais feliz. Num mundo onde devoramos a informação instantânea feito macarrão lámen, o que mais existe são pessoas ditando o que devemos fazer, usar ou comer. Assim à primeira vista, ser você mesmo pode parecer difícil. Mas ainda não é o fim, em meio à uma multidão que vive no piloto automático, é possível ainda encontrar aqueles que queiram viver do que realmente são.
É estranho escrever isso, mas sinto as pessoas cada vez mais parecidas umas com as outras. Elas escrevem as mesmas frases e seguem o mesmo ciclo social, vão aos mesmos lugares, ouvem as mesmas músicas, falam e gesticulam de modo iguais. É como se todos rodassem o mesmo sistema operacional. E as pessoas passam a se perguntar em qual mundo você vive se você não faz parte desse grupo, é uma espécie de crime você desconhecer as coisas mais populares do momento. E a preocupação alheia vai além, não podemos mais ter nosso livre arbítrio e sermos indiferentes. Você é obrigado a estar na moda, estar antenado sempre, ser divertido, sair para festas até altas horas, caso contrário “você não vive”. Já não é mais permitido ser o que quiser! E no que estamos nos tornando, afinal? Uma pergunta ambígua ainda sem resposta. Porém, é nítido o caminho traçado para a beira de um abismo de egos digitalizados e da busca insaciável pela aceitação das outras pessoas. Acredito que muitos gostariam de agir de maneira diferente, mas são sufocados pela maioria e seguem esse efeito boiada por ser o caminho mais fácil “parecer legal e descolado” para aquelas pessoas que não dão a mínima para o que você faz.
E isso começa pela obrigação de ser feliz. Felicidade nunca deveria ser vista como uma obrigação, não a perseguimos e nem a buscamos. Simplesmente acontece de maneira natural, é um estado de espírito. Todos nós sabemos que a vida não é sempre colorida, que as pessoas não estão sempre impecáveis como nas suas selfies e irradiando felicidade como o fazem nas redes sociais. Problemas existem, dias ruins surgem e sempre quando menos esperamos. Mas as pessoas insistem em vender apenas a imagem da felicidade obrigatória e sem sentido. Estamos na era da “ostentação e beijinho no ombro dazinimiga”, da felicidade estampada apenas para uma outra pessoa se sentir culpada por achar que tem algo errado por nem sempre estar feliz. Somos seres humanos, caramba! Ao mesmo tempo em que damos risadas, podemos  também nos sentir frustrados, chorar, brigar, sentir raiva. E nem sempre estar disponível para uma social ou para aquela festa descolada que toooodas as pessoas vão, faz de você um ermitão. Mas lá vem o julgamento.

Quem deveria se sentir culpado por isso? Absolutamente ninguém – NINGUÉM.
Não ceda aos vícios superficiais das redes sociais e não deixe nunca de ser você mesmo. E jamais permita que digam o que é bom ou não pra você.

Respire fundo e continue seguindo em frente. E esqueça o ditado da grama do vizinho ser mais verde que a sua – pode até parecer pra você, mas ela não é.

Comportamento

Celebrando a estupidez humana

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Nas últimas semanas, passamos por uma comoção nacional. Houve a morte prematura de um jovem “astro” do novo sertanejo e de sua namorada. Mas houve também alegria, na comemorada legalização do casamento gay nos EUA.
A internet então se viu dividida: de um lado o preto do luto enquanto do outro, o arco-íris da igualdade na luta por direitos. Milhares choraram a perda de um ídolo, enquanto muitos outros (incluindo quem humildemente vos escreve) se perguntava quem era esse famoso anônimo. Enquanto as programações televisivas seguiam desenfreadamente cobrindo sem trégua a morte do cantor, lembrei-me de outras coberturas. Grandes personalidades que tiveram o mesmo tratamento como Ayrton Senna em 1994, Lady Di em 1997 e Michael Jackson em 2009. Fui então procurar saber quem era esse ilustre desconhecido e encontrei suas redes sociais simplesmente TRIPLICANDO o número de seguidores em questão de horas. Somos assim, temos uma atitude mórbida desde os tempos antigos e na era digital só fica cada vez mais evidente. Se está vivo qual a importância tem? Basta o mesmo morrer para ser elevado ao status de herói nacional e a “imprensa” voltar toda a sua atenção em tempo integral, oferecendo pão e circo para o povo.
E como era previsto, o Brasil se uniu nas redes sociais e se solidarizaram com a dor da perda dessas duas famílias goianas. E então a massante enxurrada de “era um cara do bem” e “ficará para sempre em nossos corações”, mais umas infinitas hashtags invadiam a web, o que explica a catarse citada na crônica.
E foi na tentativa frustrada de explicar essa comoção mórbida de vários meios de comunicação (transformando a morte do cantor num show de horror) e das pessoas pelas redes sociais, que ocorreu um protesto (?) vindo de vários “artistas-anônimos” contra um jornalista da Rede Globo, o apresentador Zeca Camargo. Alguns “artistas” do mesmo estilo e também desconhecidos para o grande público, pareceram querer pegar carona nessa tragédia. Seria um jeito bom de se promover? Belo “respeito”. E fora os ditos “fãs” que até o dia anterior mal sabiam da existência do artista e se revoltaram na internet.
Uma crônica mal compreendida de Zeca e mais uma comoção: outro massacre infundado da internet. As pessoas que até então se solidarizavam com a dor da família, passaram a escrever coisas horríveis e disseminaram todo seu ódio contra o jornalista. Uma chuva de palavras agressivas, vindas até de colegas como Danilo Gentili e inclusive daquelas mesmas pessoas que se diziam contentes pelo direito do casamento gay nos EUA.
E estes muitos que se compadeceram da dor da perda e bombardearam Zeca negativamente, com certeza assistiram o tal vídeo do cantor quando o seu corpo era preparado para o velório. Aí eu digo: quanto falso moralismo. O que seria desrespeito mesmo?
Vi cantores-famosos-anônimos OFENDENDO de forma gratuita o apresentador, talvez aproveitando mesmo a carona bizarra na fama dessa tragédia. Vi pessoas com fotos coloridas de #lovewins e #gayisok insultar e colocar em questão a sexualidade do apresentador como se explicasse o porquê de ele ter escrito a tal crônica. Oi, hipocrisia e contradição. Tão comuns na internet mas que continuam sendo irritantes.
Para quem refletiu sobre o texto, em momento algum Zeca quis criticar o artista em si ou ofender os fãs ardorosos, ele quis apenas frisar a mania mórbida que temos de colocar alguém no patamar de herói quando elas morrem, mesmo quando esse alguém não era um artista conhecido por todos os brasileiros. Sem dúvida a morte do cantor se tornou mais importante do que o próprio artista em si. Parece justo pra você?
Zeca foi crucificado sem necessidade, não achei um grande desrespeito pra todo esse mimimi comunitário. Ele apenas falou uma verdade que vários jornalistas haviam dito antes. Isso me remete à um passado não tão distante, em outubro de 1996 quando Renato Russo morreu. Lembro de ter visto apenas o SBT com um link ao vivo dando a notícia. Quando Renato morreu não houve toda essa comoção televisiva como aconteceu na última semana e acho que foi baseado nisso que Zeca Camargo fez a crônica. A televisão está cada vez pior, não tem o que oferecer e então exploram a tragédia alheia. Algo como Sônia Abrahão faz com maestria.
Enfim, o ser humano consegue ser assustador. Num dia, solidarizam com a dor de uma perda e espalham amor e afeto por direitos iguais. No outro, disseminam ódio e se mostram mais preconceituosas contra quem dizem ter iniciado o bendito preconceito.
País democrático? Onde uma opinião contrária se torna uma ofensa e motivo de protesto e barbárie virtual? Palhaçada.
Nós somos brancos, pretos, pardos, heteros, homos, sertanejos, pagodeiros, roqueiros. Somos o resultado dessa mistura do país da miscigenação que é o Brasil. Só nos falta respeito e AMOR VERDADEIRO pelo próximo, tanto dentro como fora da internet, a receita é simples. Não precisaríamos chegar a extremos assim. Infelizmente somos a raça que sabe ser estúpida quando convém.

E como cantou Renato Russo na música Perfeição:
Vamos celebrar a estupidez humana, a estupidez de todas as nações.

Música escrita há mais de 22 anos atrás e só nos mostra como nossa evolução mental continua a caminhar sem vontade.

Comportamento, Textos da Bia

Dia dos (e)namorados

Engana-se quem pense que dia dos namorados é dia 12 de junho. Dia dos namorados é na verdade, todo dia – ou pelo menos é o que deveria ser.

Farol de Santa Marta, em 2009.
Deny e eu. Farol de Santa Marta, 2009.

Ah, o dia dos namorados!

Presentes caros, declarações apaixonadas, noites minuciosamente pensadas em cada detalhe. Eu sou contra esse dia dos namorados.
Esposos, esposas, noivos e noivas; seja lá qual for o teu nível de relacionamento, é digno de uma comemoração. Mas não a movida pelo consumismo, mas por pequenos gestos no cotidiano. Este é o combustível primordial de uma relação duradoura. Principalmente nos dias de hoje, onde tantos valores foram invertidos.
Quem está 6, 7 anos em um relacionamento bem sucedido, sabe muito bem como é manter-se enamorado da mesma pessoa. Já passamos da fase de esconder os defeitos, já rolou um bocado de briga e foi percorrido um belo caminho ao longo desses anos. Para ter uma relação sólida com alguém e dividir a vida com essa pessoa, o que está em jogo aqui não é apenas aquele significado sacana de propaganda de dia dos namorados, vai muito além de alguns presentes e datas comemorativas. É erguido com um amor fora do comum no dia a dia, estar ao lado da outra pessoa em tempo integral – dar e receber, uma troca natural e sem cobranças.
Acredito veemente que todos deveriam saber como é essa sensação um dia. Você abre sim mão de algumas coisas e continua ali feliz, realizado. Tenta ser menos teimoso e aprende a ceder algumas vezes. Passa a não mais resolver as coisas por conta própria, tudo é discutido, avaliado e assim chegar a um denominador comum. É a variável da vida.
Hoje as pessoas falam abertamente em serem autossuficientes e não precisarem de uma outra pessoa, que não querem ter sua liberdade ceifada e mimimi. Papo furado.
Quando encontramos aquela pessoa que realmente nos completa (literalmente falando), com gostos e pensamentos iguais aos nossos, a nossa liberdade não é interrompida. Só passamos a vivê-la com uma pessoa especial ao nosso lado, nos acompanhando e dividindo esses bons momentos.
Mas sabemos que convivência não é feita de bons momentos apenas. Em muitas fases teremos de enfrentar juntos as adversidades da vida e que seja de mãos dadas, onde aquele ombro amigo é sempre bem vindo. E a segurança que a certeza de caminhar juntos em todos os momentos nos dá, não tem como descrever.. é tão menos dolorido quando temos alguém que entende, sente e vive a nossa dor. Falo por experiência própria. E isso não é ser egoísta, é viver o companheirismo.
Relacionamento é algo complexo, precisa de tempo, conversa, muito companheirismo e respeito. Relacionamento não é só sexo e aquela paixão do início. Um relacionamento sólido é feito (também) de amor, risadas, lágrimas, amizade.
Talvez este seja o grande problema do mundo, acreditar que as relações tenham que ser movidas por uma paixão doentia 24h por dia como as cabecinhas bitoladas que veneram 50 tons de cinza. MITO.

O meu desejo é que realmente o mundo não precise de um dia específico pra falar de amor ou surpreender com pequenos gestos.
Amor é piegas, sim. E é o sentimento mais nobre que existe.

Ame sem precisar de um dia pra isso.

Textos da Bia

Quando que os nossos corações endureceram?

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Todos temos uma base emocional que ao longo dos anos acaba sendo transformada. Uns magoam, outros se magoam. E assim segue o jogo da vida.

Não é difícil encontrar por aí quem diga “cansei de me magoar” e o resultado são pessoas com receio a qualquer tipo de relacionamento. O problema é que nesse misto de tristeza e decepção PENSAMOS que somos os únicos a sofrer. E esse “coitadismo” é a pior conclusão a se tirar de uma lição, ela faz com que demos uma importância desnecessária ao que acontece com tantos, todos os dias. Vivemos à mercê disso: quem escreveu esse texto, aquele seu amigo gente boa, o vizinho prestativo, o cara que você papeou na fila da padaria. Todos já nos magoamos de alguma forma, portanto, VOCÊ NÃO É UMA EXCEÇÃO. Basta conversar com as pessoas: mágoas existem para todos. Falar de mágoa que é bastante complicado, muitas lacunas surgem ao longo da estória e exatamente por ser difícil recontá-la. As experiências ruins queremos esquecê-las e quanto mais falamos sobre, mais tristezas surgirão. Normal. E você não acha que já é tempo de parar de se poluir com esses pensamentos? Sim, pensamentos assim poluem nossa alma, nos deixam doentes fisicamente e mentalmente.

E falo isso infelizmente por experiência própria, tive que aprender através dos anos e da minha vivência que pessoas são diferentes e ponto. Umas se aproximam pela tua amizade, enquanto outras apenas por conveniência. Aprendi que nem todo mundo que “se parece com você”, seja realmente como você. Que mesmo você ajudando alguém demais, na maioria das vezes pode não ter a atitude retribuída. Não que ajudamos para receber algo em troca, óbvio, mas quando existe a possibilidade de alguém que você ajudou ser legal com você também, uma decepção não é o mais correto. Mas acontece. Passei por isso. E dei a volta por cima!

E digo com veemência: por mais que seja difícil o que você tenha passado, não deixe seu coração endurecer. Oportunidades ótimas podem aparecer e você vai estar lá, ocupado demais tendo pena de si mesmo, inerte no mundo pelo receio que foi imposto ao teu coração endurecido. Eu mesma já senti meu coração mais duro depois de alguns tombos na vida e não que isso seja algo completamente ruim; a gente amadurece com as tristezas e decepções da vida e passa a enxergá-la de uma maneira mais clara. O que quero dizer é que até de experiências ruins tiramos bons aprendizados.

Só que há certos momentos que endurecemos tanto o nosso coração que não percebemos que passamos a desacreditar das pessoas que gostam de nós e os bons momentos que dividimos com elas, só desconfiança. E duvidamos de tudo o tempo todo, não acreditamos mais que exista bondade dando sopa por aí como acreditamos há 5, 10 ou 15 anos atrás. Então começamos a ruir, pois o ser humano precisa viver de esperança, ter fé, sonhos dentro do coração. E quando ele endurece, seja pelo motivo que for, tudo vai sumindo aos poucos e antes que perceba não sobrou mais nada.

Por mais que nosso coração seja bom, ele pode ser traiçoeiro e agir contra nós mesmos. Se antes você era uma pessoa que acreditava mais nas pessoas, hoje pode ser uma pessoa tão fechada a um ponto que nem as pessoas verdadeiras consigam se aproximar de você. E sim, isso aconteceu sem você perceber.

Como tudo na vida é preciso ter um equilíbrio, saber dosar o teu “desconfiômetro”. Quando crianças, mal sabemos o significado de um coração endurecido. E porquê será que fomos tão felizes na infância? Só refletir.

Temos que purificar nosso coração, passar uma borracha no que houve de ruim para deixar a folha da nossa vida em branco e assim rabiscar novas – e boas – histórias.

É preciso sonhar e ir além do que nossa mente nos oferece.

Comportamento

Infância 80/90: Os ‘porquês’ de ser a melhor

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CUIDADO: POST SAUDOSISTA!

Apesar da evolução desenfreada da tecnologia nas últimas décadas, esse saudosismo piegas da nossa velha infância não é em vão. O pessoal na faixa dos 30/40 anos, sabe como ela foi inocente e o quanto a nossa rua foi divertida e um lugar constante de brincadeiras.

Não, nós não tivemos iPad, nem iPhone, sequer internet. Nesse quesito, vimos o surgimento dos primeiros computadores, aqueles com sistema MS-DOS que vinham com ‘Prince of Persia’, hahaha! E era animal na época. Música, em vinil ou fita K7. Vídeos, só em VHS. Portanto, nada de ir no site da Google e procurar links de downloads. Tradução de músicas em inglês? Esqueçam o “letras.mus.br”, pegue um dicionário e traduza frase por frase. Achou precário? De certo modo, era sim.

Porém, tínhamos algo valioso que hoje em dia torna-se cada vez mais raro na infância: um mundo inteiro dentro da nossa cabeça! A imaginação fazia toda a diversão. E como fazia! Criatividade era a palavra.

Não existia o vício chamado selfie. Foto era em família, em datas festivas, aquelas com todos os irmãos na frente de casa. E fazendo pose! Depois, uma baita ansiedade de não poder ver o resultado até a revelação do filme! O ‘pior’ é que sempre ficavam boas. Sei lá, amo fotografia analógica. Eram tempos em que a fotografia tinha um significado. Infelizmente hoje não existe mais. Jamais queríamos coisas caras, eu pelo menos não exigia presente algum. De todas as bonecas que tive, a que mais gostei, uma Emília de pano que minha mãe costurou fora a eleita. Inclusive, brinquedos quanto mais simples eram, melhores se tornavam. Mais exigiria da nossa imaginação.

Sofremos bullying no colégio todos os dias e ninguém se importava, nem usamos isso como desculpa pra sermos violentos como andam hoje em dia. Ostentação era ter lápis de cor da Faber-Castell. Quando nosso dente de leite amolecia, “o barbante e o trinco da porta do quarto” bastavam para arrancá-lo, depois era só jogar em cima do telhado e dizer “São João, São João: leva esse dente podre e traz um são”. Funda era arma branca de porte obrigatório na época. Nos engasgamos com as deliciosas balas soft. Malabarismos com iô-iôs da Coca-Cola. Tetris no Game Boy. MiniBits de lanche no recreio. Bolachinha recheada sabor goiaba enquanto passava Jaspion na TV. Hummm, picolé minissaia. Álbuns de figurinhas colados com cola caseira e o bafo comendo solto pra ganhar figurinhas extras dos amigos. Competição de quem tinha a bike mais ‘envenenada’ da rua, apenas com papelão ou tampa de margarina e um gancho de roupa entre os raios. Surgia a febre do patins inline. Revista em quadrinhos da Turma da Mônica. Tamagotchi. Eita!

Aí você pensa: “- Muito bonito e romântico. Ótimo ter uma rua inteira pra brincar. Mas, e quando chovia?” E eu respondo: “- Um excelente motivo pra pegar a coberta num dia chuvoso e correr para o sofá com um pote cheio de chips sabor esponja e dá-lhe TV!” A televisão era sem dúvida infinitamente melhor, havia mais qualidade na grade de programação e era muito mais divertido (e menos constrangedor) sentar no sofá com toda a família. Séries de super heróis japoneses, desenhos da época, séries sem NENHUM apelo sexual, filmes inesquecíveis da Sessão da Tarde que reprisavam pela enésima vez. Programas de clipes em canais abertos. Um sonho!

Rolavam também os jogos de tabuleiro, como o Ludo, que semeava a discórdia entre meus irmãos e eu! E por muitas vezes, nós, reunidos na sala com a nossa TV Telefunken de madeira e o Dismac VJ-9000 do meu irmão mais velho, competíamos arduamente. Eram horas e mais horas de “quem perde passa o controle pro outro”. Seus jogos e fases intermináveis como Pac-Man, Frostbite, Space Invaders, Plaque Attack, Pitfall, Snoopy, Moon Patrol, Smurfs, Post Man. Delícia de infância. Tive muita sorte de ser de uma família grande e poder brincar tanto, minha infância foi realmente MUITO divertida e inesquecível.

Enfim, éramos apenas crianças sendo crianças.

A infância é algo que passa rápido demais. Crianças, POR FAVOR, não tenham pressa de crescer.

Para finalizar, o clipe de uma música da nossa geração 90’s. Atenção, afastem as cadeiras porque essa música é extremamente contagiante:

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Textos da Bia, Um pouco da autora

A alegria e a dor de uma saudade

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Farol de Santa Marta, durante as férias.. elaiá, que saudade!

– Saudade;

Não à toa, ela é de longe a palavra mais presente nas poesias de amor da língua portuguesa e também na nossa música popular. “Saudade” descreve a mistura dos sentimentos de amor, perda, falta e distância. Vem do latim “solitas, solitatis” (solidão).

E faz parte da vida sentir saudade. Uma palavra que carrega em si o peso de estar acompanhada na maioria da vezes, por uma dor lancinante. E desde criança, sentimos NA PELE o significado dessa palavra e temos de lidar com ela ao longo de toda nossa existência. Saudade é coisa “abrasileirada”, tem o nosso tempero, um sopro do que fomos e do que vivemos, do que sentimos, de brasileiro mesmo. Não existe em nenhuma outra língua uma tradução livre dessa palavra. É coisa verde e amarela, que faz samba no nosso coração. Saudade realmente é algo que me intriga muito.

Aquela saudade da qual temos o livre arbítrio de pôr ou não um fim nela, quando conseguimos revertê-la na presença da pessoa em questão é sempre deliciosa. É o combustível da vida! A ansiedade de reencontrá-la, mil planos feitos em pensamentos, as conversas fluindo, o ficar junto e pôr um fim nisso. Essa saudade é com certeza bastante tolerável, e de certo modo até prazerosa. Por outro lado, tem aquela que carrega um significado muito mais denso, como a de alguém que amamos e que teve de partir. E ficamos aqui, sem poder voltar no tempo para tê-las novamente em nossos braços e abraços. Sentindo uma saudade interminável de tudo o que ficou por viver desde o ponto em que ela se foi. Parece que a qualquer momento essa pessoa vai voltar e você vai ter que contar tudo o que aconteceu desde então. Ufa! Seria só risos, abraços, choros e papos sem fim!

Saudade é mesmo intrigante. Tão bom olhar para trás e sentir saudade, aquela saudade gostosa, que enche o peito de boas sensações, enche o nosso coração de positividade e amor. Que esvazia a mente, que dá paz de espírito.

Mas a vida é montanha-russa, um eterno sobe e desce, alternando bons e maus momentos. Nunca saberemos o dia de amanhã. E vai que, de um segundo para o outro tudo muda, e você perde algo de tão valioso que no dia de hoje é apenas “o presente” para você? Sentir saudades do passado é trivial, pensar nos planos futuros é necessário.. mas e o “aqui-e-agora”? Saudade diz tudo: já aconteceu, ou alguém já se foi. Que tal pôr em prática na vida a regra de viver pensando na saudade, mas pondo como um exemplo pra vivermos o nosso presente? E viva.

Acho que tenho até exagerado na dose de pensar na saudade. Mas sabe que tem me feito um bem danado? Tem que saber dosar e tomar cuidado, hoje acho que estou sabendo lidar melhor com ela. E a gente aprende a ser uma pessoa melhor, ou pelo menos tenta. Hoje não existe mais nem vestígio da Beatriz que eu era há 7 anos atrás. Ainda bem! E o que me moldou assim? A saudade.

Viva a família, os amigos, viva o próximo. Vamos tentar não precisar da saudade pra saber o que nos faz bem. Viva o amor e as pequenas coisas da vida.

(Um agradecimento em especial à minha mãe, dona Abgail – a minha mais doce saudade).