Textos da Bia

Rotina

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“O despertador anuncia o amanhecer. Uma soneca de cinco minutos transforma-se em meia hora. Não, não é mágica. É o tal do cansaço matinal.
Sentada na cama, bebe uma xícara de café enquanto tenta acordar, em vão. Rasteja até o banheiro, joga uma água no rosto e tenta enxergar ânimo diante do espelho. Cadê?
Volta para o quarto seminua e escolhe sem pressa o que vestir. Coça os olhos na ilusão de ficarem mais leves. Mais um dia igual. Todos são iguais.
O café, a ida para o trabalho, o trânsito e toda a sua falta de paciência, almoço – trabalho – café da tarde – trabalho, casa outra vez. Quase que em modo automático. Comer, ganhar dinheiro, se deslocar de um lado para o outro. A monotonia de ser humano.
Não é trabalho braçal, a mente que tá precisando de férias.
E quando a tarde cai, torna a beber mais café para despertar. Inventa algo pra comer. Assiste a TV zapeando sem parar entre os canais. Eles nada acrescentam. Filmes antigos, programas bobos, músicas piores ainda, documentários surreais. Na verdade só precisa de um colo e nada mais, talvez um ombro bem disposto para a sua cabeça já cansada seria renovador.
Meia e chinelo com um velho casaco pra aquecer. Um cigarro e uma cerveja bastam para apaziguar. Talvez “algo para abrir a mente” e emendar uma boa conversa.
Sexo com amor, por favor. Só pra relaxar!
No sofá, pensando que amanhã será tudo outra vez, inspira, expira. E se quer saber, sem isso tudo não seria feliz. Como é doce o sabor amargo da rotina.”

Um texto meu.
Bom feriado pra todos :))

 

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Textos da Bia

O diferente também é bonito

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Somos apenas um minúsculo grão de areia em meio a um deserto gigantesco.
E isso é o que faz de cada um de nós, seres únicos. Nos dá a certeza de não estarmos aqui sem razões óbvias. Que tal aproveitar esse milagre da vida e essa imensidão de pessoas indo e vindo todos os dias, para sermos mais nós mesmos?
Como? A resposta é simples.

Quando decidimos ser nós mesmos, criamos aceitação e esquecemos de todos os padrões impostos. Passamos a viver uma vida plena, mais feliz. Num mundo onde devoramos a informação instantânea feito macarrão lámen, o que mais existe são pessoas ditando o que devemos fazer, usar ou comer. Assim à primeira vista, ser você mesmo pode parecer difícil. Mas ainda não é o fim, em meio à uma multidão que vive no piloto automático, é possível ainda encontrar aqueles que queiram viver do que realmente são.
É estranho escrever isso, mas sinto as pessoas cada vez mais parecidas umas com as outras. Elas escrevem as mesmas frases e seguem o mesmo ciclo social, vão aos mesmos lugares, ouvem as mesmas músicas, falam e gesticulam de modo iguais. É como se todos rodassem o mesmo sistema operacional. E as pessoas passam a se perguntar em qual mundo você vive se você não faz parte desse grupo, é uma espécie de crime você desconhecer as coisas mais populares do momento. E a preocupação alheia vai além, não podemos mais ter nosso livre arbítrio e sermos indiferentes. Você é obrigado a estar na moda, estar antenado sempre, ser divertido, sair para festas até altas horas, caso contrário “você não vive”. Já não é mais permitido ser o que quiser! E no que estamos nos tornando, afinal? Uma pergunta ambígua ainda sem resposta. Porém, é nítido o caminho traçado para a beira de um abismo de egos digitalizados e da busca insaciável pela aceitação das outras pessoas. Acredito que muitos gostariam de agir de maneira diferente, mas são sufocados pela maioria e seguem esse efeito boiada por ser o caminho mais fácil “parecer legal e descolado” para aquelas pessoas que não dão a mínima para o que você faz.
E isso começa pela obrigação de ser feliz. Felicidade nunca deveria ser vista como uma obrigação, não a perseguimos e nem a buscamos. Simplesmente acontece de maneira natural, é um estado de espírito. Todos nós sabemos que a vida não é sempre colorida, que as pessoas não estão sempre impecáveis como nas suas selfies e irradiando felicidade como o fazem nas redes sociais. Problemas existem, dias ruins surgem e sempre quando menos esperamos. Mas as pessoas insistem em vender apenas a imagem da felicidade obrigatória e sem sentido. Estamos na era da “ostentação e beijinho no ombro dazinimiga”, da felicidade estampada apenas para uma outra pessoa se sentir culpada por achar que tem algo errado por nem sempre estar feliz. Somos seres humanos, caramba! Ao mesmo tempo em que damos risadas, podemos  também nos sentir frustrados, chorar, brigar, sentir raiva. E nem sempre estar disponível para uma social ou para aquela festa descolada que toooodas as pessoas vão, faz de você um ermitão. Mas lá vem o julgamento.

Quem deveria se sentir culpado por isso? Absolutamente ninguém – NINGUÉM.
Não ceda aos vícios superficiais das redes sociais e não deixe nunca de ser você mesmo. E jamais permita que digam o que é bom ou não pra você.

Respire fundo e continue seguindo em frente. E esqueça o ditado da grama do vizinho ser mais verde que a sua – pode até parecer pra você, mas ela não é.

Textos da Bia, Um pouco da autora

Silêncio necessário

Dentro de nós mesmos encontramos todas as respostas.

“Uma tarde de chuva e melancolia. Sem jeito, ela se recosta no sofá da sua fria sala de estar apenas com a caneca de café como companhia. Esperando refletir sobre a vida, ela então indaga: “Será que todos os outros sentem essa mesma necessidade de um tempo sozinho?”. E suspira, sem esboçar uma reação sequer. Mas ela sabe que precisa de cuidado ao mergulhar na própria reflexão e se deixar levar, sua mente tem o poder de expandir-se demasiadamente, necessitando de poucos segundos para tal feito. E então, ela voa. Bem alto – mais uma vez aconteceu. Lá de cima ela observa toda sua vivência, suas experiências, suas alegrias e.. as frustrações. Ah, frustração! Nela cabe esse misto de sentimentos profundos, que nem mesmo a sua coleção completa e empoeirada de Caldas Aulete que repousam na estante da sala poderiam encontrar uma única definição. E no silêncio dessa sala fria, entre um gole e outro de cafeína, ela tenta se permitir – se permitir a sonhar alto junto com o seu vôo e assim se desvencilhar de seu cativeiro interno. Seus medos já estão expostos, nem se preocupa mais. E lá do alto, ela se sente liberta mas ainda sentindo os pés no chão: não precisa mais fingir ser o que não é, nem dar sorrisos ou escutar o que não lhe interessa. Só quer um tempo para si mesma, conversar com seus pensamentos. E naquela altura, as obrigações sociais também não a interessam mais. No sossego da sala fria e junto do último gole de café veio a sensação que ela queria: precisava de um minuto sozinha.”

Textos da Bia

O despertar do inverno

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“Eis que se aproxima o inverno, com aquele gostinho de chocolate quente e canela. Junto dele, um infinito de possibilidades encaixam perfeitamente nessa estação.
E assim ele chega, ressaltando o que há de mais bonito aos olhos: o encanto das roupas pesadas, as paisagens enfeitadas com o orvalho da manhã, nossas praias desertas e seu silêncio acolhedor, o sol com seus calorosos abraços de vitamina D sem sofrimento algum nos dias mais frios. Os pratos e as bebidas quentes somados a todo o conforto que acompanha essa temperatura aconchegante.

Inverno é praticamente um estado de espírito; grita por mais abraços para nos aquecer do frio, pede sutilmente por um bom filme debaixo das cobertas, nos concedendo o luxo de levantarmos mais tarde em um domingo chuvoso. E por que não, ficar o dia todo na cama!?Inverno é assim, nos dá a liberdade de fazer o que se gosta e de ser o que quisermos ser. Mas ele também clama por uma viagem: campo, serra ou praia – tanto faz. E ele talvez nem exija muito, um gramado verde para se deitar e admirar um belo dia de sol emoldurado pelos desenhos das nuvens já seriam mais que suficiente para ser especial.

São essas pequenas coisas que me agradam no inverno, toda essa beleza poética e sua simplicidade singular. Posso dizer que admiro o inverno: pinhão, vinho, queijo, conhaque, fondue  e boa música como trilha sonora. Época perfeita para começar um namoro, mas também perfeita para quem está sozinho. Sempre bom termos um tempo só pra gente, tirar um breve descanso da loucura do dia à dia e o inverno é uma bela desculpa para fugir de badalações. Um tempo só nosso é vital pra nossa saúde mental. É a estação feita para o “nada” se tornar incrível.

Quem foi mesmo que disse que “fazer nada” é ruim? Lamento muito quem ainda não descobriu, pois não há nada melhor do que o “nada” em um belo e cinzento dia frio.

Bem dizem que há coisas que nem o tempo pode mudar: continuo amando o inverno e seus dias melancólicos de chuva com a mesma intensidade de minha infância – ou talvez até mais. Hoje sei o valor que eles carregam e que na infância eu ainda não compreendia. Posso dizer que o inverno é a estação mais quente do ano – aquece até o mais solitário dos corações – com sua exuberância e a obrigação que lhe propõe de ser você mesmo. E isso é mágico.”

Textos da Bia, Um pouco da autora

A alegria e a dor de uma saudade

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Farol de Santa Marta, durante as férias.. elaiá, que saudade!

– Saudade;

Não à toa, ela é de longe a palavra mais presente nas poesias de amor da língua portuguesa e também na nossa música popular. “Saudade” descreve a mistura dos sentimentos de amor, perda, falta e distância. Vem do latim “solitas, solitatis” (solidão).

E faz parte da vida sentir saudade. Uma palavra que carrega em si o peso de estar acompanhada na maioria da vezes, por uma dor lancinante. E desde criança, sentimos NA PELE o significado dessa palavra e temos de lidar com ela ao longo de toda nossa existência. Saudade é coisa “abrasileirada”, tem o nosso tempero, um sopro do que fomos e do que vivemos, do que sentimos, de brasileiro mesmo. Não existe em nenhuma outra língua uma tradução livre dessa palavra. É coisa verde e amarela, que faz samba no nosso coração. Saudade realmente é algo que me intriga muito.

Aquela saudade da qual temos o livre arbítrio de pôr ou não um fim nela, quando conseguimos revertê-la na presença da pessoa em questão é sempre deliciosa. É o combustível da vida! A ansiedade de reencontrá-la, mil planos feitos em pensamentos, as conversas fluindo, o ficar junto e pôr um fim nisso. Essa saudade é com certeza bastante tolerável, e de certo modo até prazerosa. Por outro lado, tem aquela que carrega um significado muito mais denso, como a de alguém que amamos e que teve de partir. E ficamos aqui, sem poder voltar no tempo para tê-las novamente em nossos braços e abraços. Sentindo uma saudade interminável de tudo o que ficou por viver desde o ponto em que ela se foi. Parece que a qualquer momento essa pessoa vai voltar e você vai ter que contar tudo o que aconteceu desde então. Ufa! Seria só risos, abraços, choros e papos sem fim!

Saudade é mesmo intrigante. Tão bom olhar para trás e sentir saudade, aquela saudade gostosa, que enche o peito de boas sensações, enche o nosso coração de positividade e amor. Que esvazia a mente, que dá paz de espírito.

Mas a vida é montanha-russa, um eterno sobe e desce, alternando bons e maus momentos. Nunca saberemos o dia de amanhã. E vai que, de um segundo para o outro tudo muda, e você perde algo de tão valioso que no dia de hoje é apenas “o presente” para você? Sentir saudades do passado é trivial, pensar nos planos futuros é necessário.. mas e o “aqui-e-agora”? Saudade diz tudo: já aconteceu, ou alguém já se foi. Que tal pôr em prática na vida a regra de viver pensando na saudade, mas pondo como um exemplo pra vivermos o nosso presente? E viva.

Acho que tenho até exagerado na dose de pensar na saudade. Mas sabe que tem me feito um bem danado? Tem que saber dosar e tomar cuidado, hoje acho que estou sabendo lidar melhor com ela. E a gente aprende a ser uma pessoa melhor, ou pelo menos tenta. Hoje não existe mais nem vestígio da Beatriz que eu era há 7 anos atrás. Ainda bem! E o que me moldou assim? A saudade.

Viva a família, os amigos, viva o próximo. Vamos tentar não precisar da saudade pra saber o que nos faz bem. Viva o amor e as pequenas coisas da vida.

(Um agradecimento em especial à minha mãe, dona Abgail – a minha mais doce saudade).